Ansiedade, insônia, síndrome do pânico, depressão, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Esses são apenas alguns dos distúrbios, desencadeados por alterações no funcionamento cerebral.
O Neurofeedback pode corrigir essas alterações, mesmo em pessoas que fazem uso de medicamentos. A técnica consiste em um treinamento neurológico para normalizar o funcionamento irregular de áreas do cérebro envolvidas com o comprometimento e os resultados são efetivos e duradouros.
Neurofeedback é uma técnica de neuromodulação que tem como objetivo mapear e treinar a atividade elétrica do cérebro. Apesar de ainda pouco conhecido no Brasil, o Neurofeedback já é utilizado nos Estados Unidos há pelo menos 40 anos, inclusive pelo exército americano e pela NASA. É considerado um dos procedimentos mais inovadores no campo da reabilitação neurológica e psicológica.
Assim como treinamos o corpo para ganhar performance e saúde, podemos treinar o cérebro e quando fazemos isso regulamos nosso sono, a ansiedade diminui, as funções executivas superiores começam a ganhar força. Medos, preocupações, dificuldade para fazer tarefas, memória ruim, dificuldade de foco e atenção... tudo isso melhora e na maioria das vezes de uma forma significativa.
O primeiro passo é realizarmos o mapeamento cerebral e para isso usamos sensores de EEG, um amplificador de EEG e um software desenvolvido especialmente para isso. O procedimento não é invasivo, não causa desconforto nem dor.
Os sensores são posicionados para captar a atividade elétrica e o mapeamento vai nos mostrar exatamente como o cérebro está funcionando e quais os padrões que podem estar relacionados com os sintomas, os hábitos e os comportamentos que queremos mudar.
Cada grupo de ondas está relacionado com um estado mental e o problema é quando o cérebro fica fixado num desses padrões. Por exemplo, um excesso de ondas rápidas está relacionado com estados ansiosos. Já o excesso de ondas lentas, especialmente na região frontal e esquerda está relacionado com depressão, dificuldade de raciocínio. Um cérebro que sofreu traumas emocionais cria um padrão de atividades muito rápidas, Hi-Beta, que está relacionado com um estado de hipervigilância. Neste estado a pessoa já não consegue mais se concentrar, a memória começa a falhar, pode ter declínio cognitivo, ansiedade e até ataques de pânico.
O objetivo do neurofeedback é oferecer ao cérebro equilíbrio, ensinando-o a chegar no estado de quietude e estar presente, muitas vezes chamado de Flow, Pico Performance, Alfa. Aqui ele não desperdiça energia e fica pronto para entrar em qualquer outro estado, seja para criar algo ou planejar e executar uma tarefa.
Com os dados do mapeamento em mãos, montamos um plano de treinamento para mudar a atividade elétrica nas áreas que estão disfuncionais. Este plano é personalizado e individualizado.
Na imagem é possível observar o percentual de ondas lentas, medias e rápidas tanto de olhos abertos quanto fechados. Analisando a atividade elétrica deste cérebro percebemos que ele é tomado por um padrão de ondas rápidas, sendo mais voltado para o estado lógico/racional e também hipervigilância. Ansiedade, insônia, excesso de pensamentos, irritação, reações emocionais intensas em algumas situações, fadiga, depressão estão relacionados a um excesso de Hi-Beta no cérebro. A boa notícia é que isso pode ser alterado com o treinamento.
Durante os treinos, o neurofeedback funciona como um espelho para o cérebro, mostrando a ele em tempo real o seu funcionamento para que ele mesmo possa aprender as mudanças desejadas. Imagine agora uma bailarina aprendendo um novo passo de dança, ela usa o espelho para aperfeiçoar este movimento até que seu corpo o faça sozinho e perfeito.
Durante os treinos o cérebro recebe feedbacks, que são estímulos visuais e auditivos com base na sua atividade cerebral naquele momento e a partir disso ele vai modulando, aprendendo a se manter dentro de padrões esperados.
O neurofeedback é considerado um método sem contraindicações, não medicamentoso, não invasivo.
Com a repetição dos treinos o cérebro aprende cada vez mais a se manter dentro de um novo padrão de regulação e é isso que vai fazer com que ele tenha mais performance e acesse estados que tragam maior bem-estar.
Abaixo você pode visualizar dois gráficos que nos mostram os resultados de duas clientes. As informações que estão em azul foram coletadas antes das clientes passarem por 30 sessões de neurofeedback. As informações em vermelho referem-se a situação das clientes depois das sessões.
Essas duas clientes passaram pelo mapeamento da atividade elétrica do cérebro e fizeram uma avaliação do sistema nervoso autônomo. Com os dados em mãos, mais a anamnese, elaboramos um plano de treinamento para corrigir as áreas do cérebro relacionadas aos sintomas e identificamos o ritmo respiratório ideal para ajudar regulação.
Nos dois casos foi fundamental treinar a respiração tanto no consultório quanto em casa.
Não se apegar aos pensamentos, não tentar controlar a situação e não julgar são orientações dadas aos clientes e fazem parte de todas as sessões. Estas simples instruções permitem que o cérebro encontre o equilíbrio de forma natural.
Confira as imagens:
Crianças a partir de 7 anos, adolescentes e adultos podem se beneficiar do Neurofeedback.
São necessárias no mínimo 30 sessões, sendo indicado duas por semana com duração de 1 hora cada.
Ao terminar essas sessões, tudo o que o cérebro aprendeu durante o treinamento não se perde, muito pelo contrário, ele se torna mais resiliente, mais focado, mais calmo e gerencia melhor o estresse.
O neurofeedback é indicado para inúmeras situações:
Gislaine Azzolin é psicóloga (CRP 08/12958), psicopedagoga e desde 2012 utiliza Neurofeedback e Biofeedback em sua prática clínica. De 2014 a 2020 atuou na formação de profissionais de neurofeedback na Brain-Trainer.
Fez diversas formações na área de traumas emocionais e atualmente utiliza a técnica TRG – Terapia do Reprocessamento Generativo junto com o Neurofeedback para potencializar ainda mais a melhora de seus clientes.
Norman Doidge, professor de psiquiatria da Columbia University, em Nova York, Estados Unidos, mais recentemente, afirma, logo no primeiro parágrafo do Apêndice 3 de seu livro “O Cérebro que Cura” (Ed. Record, 2016), que:
“O Neurofeedback foi reconhecido recentemente pela Academia Americana de Pediatria como tratamento tão eficaz quanto medicações para combater sintomas de TDA e TDAH. Raramente apresenta efeitos colaterais, pois é uma forma de treinamento cerebral. Também foi aprovado para tratamento de certos tipos de epilepsia, revelando-se eficaz em muitos outros distúrbios, entre eles certos tipos de ansiedade, estresse pós-traumático, distúrbios de aprendizado, lesões cerebrais, enxaquecas e sensibilidades que afetam o espectro autístico, mas não é mais reconhecido por ter sido introduzido pioneiramente antes de a neuroplasticidade ser amplamente compreendida.”
“Uma das coisas da parte terapêutica que tem evoluído muito é o que a gente chama das terapias de neuromodulação. O neurofeedback, a estimulação magnética transcraniana. Eu tenho tido muito bons resultados... assim... primeiro com aqueles pacientes que apresentaram muito efeitos colaterais em relação às medicações mais usadas, seja para depressão, seja para déficit de atenção, seja para o TOC. Isso me fez buscar alternativas, porque você não pode chegar para um paciente e falar, olha, você está se dando mal com esse remédio, mas eu lamento, não tem nada para fazer. Eu não consigo fazer isso, a gente tem que dar opções.” Dra. Ana Beatriz Barbosa da Silva